IQC participa de apresentação de resultados de testes de vacina da COVID-19

Presidente Natalia Pasternak atuou como consultora independente em conferência do Instituto Butantan que detalhou dados de ensaio clínico da CoronaVac no Brasil

Natalia Pasternak na coletiva Butantan

O Instituto Questão de Ciência (IQC), na figura de sua presidente, a microbiologista e pesquisadora associada do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP Natalia Pasternak, participou nesta terça-feira, 12 de janeiro, de conferência promovida pelo governo do Estado de São Paulo em que o Instituto Butantan detalhou os resultados do ensaio clínico da CoronaVac, vacina contra a COVID-19 cujos testes foram conduzidos, no Brasil, pelo órgão da Secretaria da Saúde paulista. 

Depois de críticas da comunidade científica à falta de transparência que marcou o anúncio original dos resultados da vacina, realizado  na semana anterior, o Butantan, no dia 12, finalmente expôs números mais detalhados do experimento – dados referentes aos totais de casos de COVID-19 registrados nos grupos vacinado e  placebo. De acordo com o apresentado, a CoronaVac teria uma eficácia global de 50,38% na prevenção da COVID-19 e de quase 78% para prevenir o desenvolvimento de formas leves da doença. O estudo também detectou – mas não foi capaz de confirmar estatisticamente – o potencial da vacina para evitar por completo  a ocorrência de casos graves e mortes.

“É uma vacina perfeitamente aceitável. Eu quero esta vacina, e quero que meus pais tomem esta vacina”, declarou Natalia. “É uma vacina possível e adequada para o Brasil, compatível com a nossa capacidade de produção local, de armazenamento, de cadeia de frio e de distribuição. Uma vacina só é tão boa quanto sua capacidade de vacinação, de uma cobertura vacinal o mais completa o possível no Brasil”. Em sua intervenção, Natalia elogiou a iniciativa do Butantan de atender à demanda da comunidade científica pelos dados detalhados do ensaio clínico. A lacuna na informação, apontou ela,  poderia ser usada por movimentos negacionistas e antivacina para fomentar desconfiança contra o uso da CoronaVac no país. Segundo ela, o fato de a vacina ter se provado extremamente segura e aparentemente capaz de prevenir a doença severa, num teste clínico rigoroso, faz dela uma arma importante e fundamental para começar a controlar a pandemia.

Neste sentido, Natalia destacou que o dado de eficácia global agora revelado vai nortear quais devem ser as estratégias e metas de uma campanha de vacinação em massa contra a COVID-19 no país.

“Se temos uma vacina que tem aproximadamente 50% de eficácia, sabemos que o mais urgente agora é uma campanha publicitária robusta para informar as pessoas sobre a segurança e eficácia desta vacina, sabendo que a efetividade desta vacina no mundo real vai depender da vacinação, vai depender de quantas pessoas se vacinam”, ressaltou. “Nosso objetivo maior agora deve ser campanha de vacinação, chamando as pessoas para se vacinarem, pois só assim vamos ver um resultado real na sociedade”.

Natalia esclareceu que, com isso, a CoronaVac tem potencial de ajudar o país a começar a sair da pandemia.

“Quando a gente fala em qualquer intervenção de saúde pública ou médica, fazemos uma análise de risco e benefício. E fazendo cruamente uma análise de risco e benefício desta vacina, temos uma situação em que o risco pessoal é quase zero, porque os efeitos adversos são mínimos e irrisórios, e um benefício que não é só para mim, mas coletivo, de saúde pública, de reduzir o risco de doença em pelo menos 50%. Então eu quero este benefício”, disse. “Não tem justificativa para não usar uma vacina que é adequada para o país, que tem essa condição de risco e benefício e que tem a capacidade de reduzir a doença em 50%, além do potencial de reduzir em percentual provavelmente maior doença grave e, consequentemente, morte também”.

Mesmo assim, Natalia voltou a lembrar que a aprovação da vacina e o início da vacinação não significam que a pandemia vai acabar de uma hora para outra, sendo necessária a manutenção das medidas de prevenção, como distanciamento social e uso de máscaras, ainda por muito tempo.

“A gente não precisa dizer que é a melhor vacina do mundo. A gente tem que dizer que é a nossa vacina, é a vacina possível, é uma boa vacina e é uma vacina que certamente vai iniciar o processo de nossa saída da pandemia”, concluiu. “Mas a vacina não vai ser o fim deste processo, ela não vai pôr fim à pandemia e muito menos vai fazer isto instantaneamente. Nós vamos precisar continuar com as medidas de prevenção juntamente com a vacina por um bom tempo. É uma vacina que vai ser o começo do fim da pandemia. Então, se esta vacina é o começo, vamos começar?”. 

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