IQC promove Congresso Global de Pensamento Científico, com mais de 100 cientistas de 50 países. Ex-presidente do INPE Ricardo Galvão e Natalia Pasternak são destaques
Evento online promovido de 17 a 20 de março pelo Instituto Questão de Ciência (IQC) e pelo Aspen Institute Science & Society Program, dos Estados Unidos, visa implementar abordagens científicas e racionais para a formulação de políticas públicas e na comunicação pública da ciência.
Publicado em 15/03/2021 - 09h23, última atualização em 15/05/2023 - 23h10
O Aspen Institute Science & Society Program, baseado nos Estados Unidos, e o Instituto Questão de Ciência (IQC), em parceria com o Aspen Institute Italia, reunirão mais de 100 cientistas, pesquisadores, jornalistas e comunicadores de todo o mundo, de 17 a 20 de março de 2021, no Congresso Global de Pensamento Científico (em formato virtual) com o objetivo de implementar abordagens científicas e racionais para a formulação de políticas públicas e em iniciativas de comunicação pública da ciência.
Por meio de apresentações de importantes especialistas de diversas partes do mundo, além de sessões de discussão, o encontro vai apoiar a criação de estratégias de comunicação científica em temas que transcendem fronteiras geográficas: letramento científico, popularização da ciência, vacinas, mudança climática, medicina e biotecnologia de alimentos.
“Acreditamos que, para criar políticas públicas de saúde, meio ambiente e justiça social que façam sentido, é preciso buscar soluções baseadas em evidências que levem em conta os contextos social, econômico e histórico”, diz Natalia Pasternak, copresidente do Congresso Global de Ciência e presidente do Instituto Questão de Ciência.
Ao conectar especialistas em comunicação científica e políticas públicas de todo o mundo, o Congresso criará oportunidades para os participantes desenvolverem formas de cooperação e assistência mútua, reforçando suas ações locais e criando um programa global, incluindo uma agenda de ações futuras. Atualmente, muitos órgãos locais ou nacionais de promoção da ciência e do pensamento crítico e racional interagem pouco com, ou mesmo desconhecem a existência de, organizações afins em outras partes do mundo. Este encontro visa construir pontes entre esses grupos.
“A pandemia COVID-19 deixou bastante claro que lidar com as questões globais mais urgentes requer colaboração internacional, a fim de promover políticas públicas e ações de comunicação cientificamente sólidas, além de cobrar das empresas e dos governos que ajam com responsabilidade pelo futuro do nosso planeta e todos os seus habitantes”, diz Aaron Mertz, Ph.D., biofísico, copresidente do Congresso Global de Ciência e diretor fundador do Programa de Ciência e Sociedade do Aspen Institute.
O Congresso Global de Pensamento Científico foi concebido no final de 2019, antes que a COVID-19 tomasse conta do mundo. Naquela época, os organizadores já tinham consciência da importância de adotar uma atitude e um pensamento científico na formulação de políticas públicas. A pandemia reforçou essa necessidade, demonstrando que a comunicação científica clara e precisa é essencial para que governos e público tomem decisões acertadas para a saúde e o bem-estar. O Congresso foi originalmente agendado para março de 2020, mas adiado para 2021 devido à pandemia.
O Congresso Global de Pensamento Científico será aberto com uma conversa entre Mariette DiChristina, reitora do College of Communication da Boston University e ex-editora-chefe e ex-vice-presidente executiva da Scientific American, e o Dr. Ricardo Galvão, um renomado físico brasileiro e ex-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil, demitido pelo presidente brasileiro Jair Bolsonaro por insistir em respeitar as evidências científicas sobre o desmatamento da Floresta Amazônica. DiChristina e Galvão discutirão a importância da atitude científica em tempos de negação crescente da ciência em todo o mundo, e oferecerão ideias sobre como cientistas, jornalistas e funcionários públicos podem defender a ciência, mesmo quando isso é política e profissionalmente desfavorável.
“Pouco depois do início da pandemia, a OMS anunciou que ela vinha acompanhada de uma ‘infodemia’, à medida que lidávamos com uma avalanche de informação acelerada pelas mídias sociais. Parte dessa informação era boa, parte ruim, e parte bem-intencionada, mas simplesmente errada”, diz DiChristina. “Estimular a tomada de decisões baseadas em evidências exige uma compreensão mais completa das plataformas de comunicação atuais, e de como podemos usá-las, e reagir a elas, da melhor maneira, como indivíduos”.
“O desenvolvimento justo e sustentável da Humanidade, neste século, terá de seguir o caminho das políticas públicas baseadas em evidência científica sólida e medidas firmes e amplas rumo à paz mundial, com respeito às diferenças culturais”, diz Galvão.