Presidente do IQC é premiada em conferência cética internacional

Natalia Pasternak foi a vencedora do Prêmio Robert P. Balles de Pensamento Crítico, dado anualmente pelo Comitê para Investigação Cética para criadores de conteúdos que sejam exemplos em defesa da ciência, análise lógica e ceticismo saudável

A presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC), Natalia Pasternak, foi a vencedora do Prêmio Robert P. Balles de Pensamento Crítico de 2021, conferido anualmente pelo Comitê para Investigação Cética (CSI, na sigla em inglês) a pessoas que se destacaram pela criação de conteúdos em defesa da ciência, análise lógica e ceticismo saudável no ano anterior. O anúncio foi feito neste domingo, último dia da CSICon 2022, conferência anual promovida pela organização, fundada nos anos 1970 por nomes como o astrônomo e divulgador científico Carl Sagan e o escritor e cientista Isaac Asimov.

Entre vencedores anteriores do Prêmio Balles, que começou a ser concedido em 2005, estão nomes como o físico e matemático Leonard Mlodinow, coautor do livro “O Grande Projeto” com o também físico Stephen Hawking, em 2008; o psicólogo Richard Wiseman, em 2011; Joseph Schwarcz e a equipe responsável por “Cosmos: Uma Odisseia no Espaço-Tempo”, sequência da clássica série de TV de divulgação científica estrelada por Carl Sagan nos anos 1970, em 2014; Susan Gerbic, idealizadora e líder de um grupo de céticos que se dedica a expor as fraudes de médiuns e outros exploradores da fé, em 2019; e Timothy Caulfield, professor de Direito da Saúde da Universidade de Alberta, Canadá, especializado na pesquisa e comercialização de produtos para saúde, em 2020.

O anúncio do Prêmio Balles deste ano foi feito por Paul Fidalgo, integrante do CSI e editor da revista cética americana Free Inquiry. Fazendo o papel de um falso especialista negacionista, Fidalgo, que também é ator e músico, fez uma esquete humorística para enumerar diversas realizações de Pasternak nos últimos anos, da fundação do IQC em 2018 ao seu papel na defesa da ciência durante a pandemia de COVID-19 no Brasil e no mundo, passando por suas colaborações com veículos de imprensa nacionais e internacionais e outros prêmios já recebidos por ela, como a “Navalha de Ockham” da revista britânica The Skeptic, em 2020.

“Ela é uma supercética”, brincou Fidalgo.

foto de Natalia Pasternak com prêmio

Ainda durante a apresentação, a plateia no auditório do casino Flamingo, em Las Vegas, também pôde ver trechos das participações de Pasternak na bancada do Jornal da Cultura, da TV Cultura, e na CPI da Pandemia no Senado Federal, como quando chamou a atenção dos editores do jornal televisivo por matéria que tentava dar um enfoque mais “leve” à crise sanitária – “Tem gente morrendo! Não tem ‘leveza’”, alertou -, ou quando explicou aos senadores da CPI metáfora em que compara as vacinas a um goleiro de futebol, que pode ser muito bom, mas não é infalível e depende de ter uma “defesa” também forte – na forma de medidas de prevenção como uso correto de máscaras e distanciamento social – para melhor atuar.

Mantendo o tom de humor, Pasternak aproveitou o discurso de agradecimento para contar sua trajetória de pesquisadora na área de genética molecular de bactérias no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) a ativista da defesa da ciência e a fundação do IQC com o objetivo de promover o pensamento crítico e políticas públicas baseadas em evidências científicas. Pasternak apresentou iniciativas suas e do instituto nos campos de divulgação científica e educação em ciência, como projeto em parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) para treinamento e capacitação de gestores públicos e suas equipes no uso de evidências científicas em políticas sociais e de saúde, uma das primeiras ações do recém-lançado Observatório de Políticas Científicas do IQC. 

Concluindo sua apresentação na entrega do Prêmio Balles, Pasternak ainda citou os muitos planos para o futuro, como o lançamento de um terceiro livro em coautoria com Carlos Orsi, diretor de Comunicação do IQC e editor-chefe da Revista Questão de Ciência; uma série de livros de educação em ciência e projetos sobre hesitação vacinal em conjunto com a Universidade de Colúmbia, Nova York, onde é pesquisadora e professora convidada atualmente; além da expansão da atuação do Observatório de Políticas Científicas.

“Sou uma negacionista do tempo, uma invenção da ‘Grande Indústria dos Relógios’”, brincou. 

A participação de Pasternak na CSICon 2022, no entanto, não se limitou à premiação. Integrante do CSI, a presidente do IQC também foi um dos coordenadores da mesa final da conferência, em que novos nomes e vozes do movimento cético apresentaram seus trabalhos em busca de melhorar a comunicação da ciência, estimular o pensamento crítico e combater o avanço de pseudociências.

Entre eles estava, por exemplo, o brasileiro Guilherme Brambatti Guzzo, coordenador do Museu de Ciências Naturais da Universidade de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul. Guzzo é responsável pela criação de “espaços de questionamento” em que alunos da instituição discutem abertamente temas propostos pelos seus professores, numa iniciativa que incentiva o desenvolvimento do pensamento crítico e científico nos moldes de proposta feita pelo filósofo americano Matthew Lipman.

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