Histórico dos ministros de Ciência e Tecnologia no Brasil
Desde o início da era democrática, 24 políticos assumiram o cargo em uma pasta cuja importância ainda é pouco reconhecida pela sociedade
Desde o início da era democrática, 24 políticos assumiram o cargo em uma pasta cuja importância ainda é pouco reconhecida pela sociedade
Em janeiro de 2023, a engenheira eletricista e vice-governadora de Pernambuco Luciana Santos assumiu o cargo de ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), se tornando a primeira mulher a ocupar o posto em quase quatro décadas de existência da pasta. Indicada pelo atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Santos elencou como prioridades da nova gestão a recomposição do orçamento da área e execução integral do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT); atualização dos valores das bolsas de pesquisa do CNPq; políticas para o acesso de jovens à universidade; inclusão de meninas e mulheres na ciência e o apoio a projetos estruturantes em parcerias com outros ministérios e instituições de fomento.
O Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) foi criado em 1985 durante o governo de José Sarney (PMDB), no início da abertura democrática do Brasil, após o período da ditadura militar. Era um anseio antigo da comunidade científica e tecnológica do país. Quatro anos depois, no entanto, ele foi incorporado pelo Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio, onde permaneceu por oito meses, até ser novamente emancipado, desta vez como Secretaria Especial da Ciência e Tecnologia, pasta que tinha status de ministério.
Foi somente em 1992 que Itamar Franco (PMDB) criou novamente a pasta com o nome original. Em 2011, sob o governo de Dilma Rousseff (PT), passou a se chamar Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Cinco anos depois, quando Dilma sofreu um processo de impeachment e seu vice Michel Temer (MDB) assumiu a presidência, houve uma fusão da pasta com o Ministério das Comunicações, resultando no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Criticada pela comunidade científica, a fusão permaneceu por alguns anos, até que, em 2020 as pastas foram novamente separadas, e o MCTI recriado.
Veja a lista dos Ministros de Ciência e Tecnologia do Brasil:
Renato Archer (PMDB) 15 de março de 1985 a 22 de outubro de 1987
Nascido em 1922, foi diplomata, militar e oriundo de família com tradição política no Maranhão. Foi o primeiro a ocupar o cargo de ministro do recém criado Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Antes, havia sido subsecretário do Ministério das Relações Exteriores. Faleceu em 1996, e hoje leva o seu nome o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), órgão do Governo Federal, uma unidade de pesquisa pertencente ao MCTI com sede na cidade paulista de Campinas.
Luiz Henrique da Silveira (PMBD) 23 de outubro de 1987 a 29 de julho de 1988
Nascido em 1940, era advogado e ocupou diversos cargos políticos, como o de governador de Santa Catarina durante dois mandatos. Lecionou História Geral em Florianópolis (SC) e foi ministro nos anos de 1987 e 1988, período em que o Brasil elaborava a sua Carta Magna Constituinte. Recebeu a Ordem do Mérito Militar em 1995 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) no grau de Comendador Especial, e foi promovido em 2003 por Luiz Inácio Lula da Silva ao grau de Grande-Oficial. Posteriormente, foi eleito deputado federal e senador. Em 2015, Silveira perdeu a presidência do Senado para Renan Calheiros. Morreu naquele mesmo ano.
Luiz André Rico Vicente (sem partido) 29 de julho a 16 de agosto de 1988
Nascido em 1947, foi engenheiro, professor, empresário e político. Ocupou o cargo de ministro interino da Ciência e Tecnologia por menos de um mês. Logo depois, foi ministro interino da Indústria e Comércio.
Ralph Biasi (PMDB) 16 de agosto de 1988 a 15 de janeiro de 1989
Nasceu em 1947, foi engenheiro e político filiado ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Antes de ser ministro, ocupou o cargo de secretário de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, de 1987 a 1988, na gestão do governador Orestes Quércia. Como Ministro, permaneceu cinco meses no cargo e, durante o seu exercício, cortou 10% do orçamento total da pasta para o ano seguinte (1989). Biasi também defendeu a assinatura de um decreto que esvaziava as atribuições do Conselho Nacional para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o que causou grande controvérsia na comunidade científica. Em dezembro de 1988, o decreto foi revogado. Permaneceu no cargo até janeiro de 1989, quando o ministério foi extinto e suas atribuições incorporadas ao antigo Ministério da Indústria e Comércio, que passou a se chamar Ministério do Desenvolvimento Industrial, Ciência e Tecnologia. Morreu em 2017.
Roberto Cardoso Alves (ARENA) de 1988 a 1990
Nascido em 1927, advogado e fazendeiro, fez carreira política pelo partido ARENA, que dava base à ditadura. Em 1987, na Constituinte, foi o líder do grupo denominado “Centrão”. Foi nomeado em 1988 para ocupar dois ministérios: primeiro o da Indústria e Comércio (em 1988) e finalmente o do Desenvolvimento Industrial, Ciência e Tecnologia. Permaneceu na pasta até o final da gestão, em 1990, mesmo com denúncias de desvios. Morreu em 1996 após um acidente de carro.
Décio Leal (sem partido) de 3 de abril de 1989 a 14 de março de 1990
Nasceu em 1940, era engenheiro civil. De 1982 a 1985, chefiou o departamento de Engenharia de Estruturas de Fundações; no período de 1985 a 1987 dirigiu o Instituto de Engenharia de São Paulo e entre 1986 e 1989 esteve à frente da diretoria da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Como ministro do governo Sarney, ficou apenas um ano à frente da pasta, que antes tinha a configuração de Secretaria Especial e depois se tornou Ministério. Em abril de 1989, ao tomar posse como Secretário Geral de Ciência e Tecnologia, discursou no Palácio do Planalto afirmando que “a importância decisiva da tecnologia para o desenvolvimento econômico e social é hoje uma realidade reconhecida por todos”. Em matéria publicada durante o primeiro mês de seu mandato no jornal Estado de São Paulo, intitulada “Ministro não quer torres de Marfim”, Décio criticou a postura universitária, angariando maior participação da classe. O ministro acreditava que a universidade pública deveria ser um ‘núcleo de progresso’ e não mais uma ‘torre de marfim’. “Uma universidade em que exista indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão seletiva de serviços à comunidade. Uma universidade em que os setores culturais, científicos e tecnológicos tenham, cada um deles, todas as condições para que suas especificidades sejam reconhecidas e acolhidas”, disse à época. Como forma de articulação, em troca do apoio dos pesquisadores, fomentou um projeto aos moldes dos existentes na Europa e no Japão para a formação da Academia Brasileira de Tecnologia. Alguns meses depois, coordenou uma reunião com dirigentes das principais universidades públicas e privadas, associações e órgãos de apoio à pesquisa (dentre elas, Finep, CNPq, FAPESP, SBPC, Crub) para estabelecer um documento que visava lançar as bases da política nacional para o desenvolvimento de ciência e tecnologia. Foi consenso entre os participantes a necessidade de o Brasil estabelecer um plano para atingir a meta de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) em investimentos em Pesquisa. (O Estado de São Paulo. 19/08/1989. IN: Notícias Sobre o Ministro de Estado Décio Leal Zagottis, 2002). Décio Leal de Zagottis morreu em 1996 aos 56 anos.
José Goldemberg (sem partido) de 15 de março de 1990 a 21 de agosto de 1991
Nasceu em 1928, é físico, ambientalista e professor. Foi reitor da Universidade de São Paulo (1986 – 1990) e presidente da Sociedade Brasileira de Física (1975-1979) no período da Ditadura Militar no Brasil. Goldemberg possui títulos de professor emérito do Instituto de Física e do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP. Em 2013 foi eleito membro da Academia Paulista de Letras e em 2017 recebeu o título de professor emérito da Universidade de São Paulo. Também recebeu a Ordem do Mérito Militar em 1991 e a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico em 1995, sendo reconhecido também em outras premiações pelos feitos na área ambiental. Um dos maiores especialistas em energia no mundo, Goldemberg é conhecido defensor do uso de novas tecnologias para promover o desenvolvimento sustentável. No início dos anos 1970, opôs-se abertamente à estratégia do governo militar de importar tecnologia nuclear sem transferência de conhecimento. Defendia que os físicos brasileiros tinham um papel a desempenhar na política nuclear do país. Em 1972, escreveu artigos na imprensa bastante críticos à compra de reatores nucleares dos Estados Unidos. Apesar da censura na época, nunca teve problema em publicá-los. No governo federal, foi secretário de Ciência e Tecnologia da Presidência da República (1990 – 1991), ministro da Educação (1991 – 1992) e secretário Interino do Meio Ambiente (março a julho de 1992) quando teve papel decisivo para o sucesso da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (Rio-1992) na gestão Collor. Segundo ele, “a função da universidade é propiciar a busca livre da ciência e da excelência em todas as áreas; realizá-las sem se submeter a interesses de classes, grupos partidários ou a ideologias totalitárias; e garantir o acesso sem utilizar outro critério que não seja a capacidade dos candidatos”. Também defende a autonomia das Universidades Públicas, de acordo com a Constituição de 1988. Atualmente está com 94 anos.
Edson Machado de Sousa (sem partido) de 21 de agosto de 1991 a 1 de abril de 1992
Nasceu em 1940, foi matemático e professor e secretário de Ciência e Tecnologia, com prerrogativas de ministro, no governo Fernando Collor de Mello até abril de 1992, ano da renúncia do presidente após o primeiro impeachment no Brasil (Collor foi o primeiro presidente eleito por voto direto do povo após o Regime Militar). Sousa foi membro do Conselho da Universidade das Nações Unidas, com sede em Tóquio. Foi agraciado com a grã-cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico. Trabalhou por 32 anos no Ministério da Educação, onde foi por duas vezes Secretário da Educação Superior e Presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) por oito anos. Morreu em 2018.
Hélio Jaguaribe (PSDB) abril a outubro de 1992
Nasceu em 1923, foi advogado, sociólogo, cientista político e escritor. Sua família possuía a Companhia Ferro e Aço de Vitória, empresa em que foi responsável pela direção até 1964. Naquele ano saiu do Brasil para morar nos Estados Unidos, já que fazia críticas abertas ao golpe militar que derrubou o governo do então presidente João Goulart (PTB). Lá, lecionou na Universidade de Harvard, Universidade de Stanford e no Massachusetts Institute of Technology (MIT). Em 1983 recebeu o grau de doutor honoris causa da Universidade de Mainz, Alemanha. Nove anos depois, em 1992, foi a Universidade Federal da Paraíba que lhe concedeu o mesmo título. Recebeu também o grau pela Universidade de Buenos Aires, na Argentina. Em 1985, durante o governo José Sarney (PMDB), Jaguaribe foi o coordenador do Projeto Brasil 2000, cujos resultados foram publicados em 1986 na obra Brasil 2000: para um novo pacto social. Dois anos depois, em 1988, foi publicado o segundo volume do projeto: Brasil: reforma ou caos. Em 1992 aceitou o cargo de secretário da Ciência e Tecnologia do governo do então presidente Fernando Collor (PRN), mas saiu da função após a destituição do presidente. Ficou seis meses à frente da pasta, que era ligada à Presidência da República. Deixou vários livros publicados, entre eles “A Critical Study of History”, concluído em agosto de 1999. A versão em português desse estudo, sob o título “Um Estudo Crítico da História”, foi publicada em maio de 2001. A pesquisa parte da pré-história, passando por dezesseis principais civilizações até a Ocidental, com o intuito de determinar as mais relevantes condições que influíram na emergência, no desenvolvimento e, eventualmente, na decadência dessas civilizações. Ele morreu em 2018 com 95 anos.
José Israel Vargas (sem partido) de 27 de outubro de 1992 a a 1º de janeiro de 1999 (foi até FHC)
Nasceu em 1928 e foi professor, acadêmico e químico. Doutor em ciências nucleares pela Faculdade de Física e Química da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, foi um dos formuladores da política de energia nuclear do país no início dos anos 1960. Por Minas Gerais, foi secretário da Ciência durante o governo Aureliano Chaves entre 1977 a 1979, quando apoiou o desenvolvimento do Centro Educacional Técnico (CETEC). Mais tarde se tornou o décimo Ministro de Ciência e Tecnologia pelo longo período de outubro de 1992 a janeiro de 1999, passando pelos governos de Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. Foi, até hoje, o mais duradouro titular da pasta. Em 1995, enquanto ocupava o cargo no Ministério, o Congresso Nacional aprovou o Plano Plurianual, com vigência de 1996 a 1999, que constituiu o documento básico da política governamental para a área, delineando as ações subseqüentes, bem como os orçamentos federais para esse período. O plano tinha como “meta aumentar significativamente os investimentos na área de ciência e tecnologia, com recursos previstos da ordem de R$ 14,4 bilhões, com uma participação de cerca de 40% do setor privado”. Previa que o orçamento da pasta passasse de 0,7% para 1,5% do PIB, com prioridade para as áreas de informação e automação, aeroespacial, nuclear, meio ambiente, recursos do mar e saúde. Foi ainda o embaixador do Brasil junto à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), de abril de 2000 a julho de 2003. Dirigiu um grupo de pesquisas no Centro de Estudos Nucleares de Grenoble, na França. Foi pesquisador titular do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências e presidente da Academia de Ciências dos Países em Desenvolvimento. Atuou no projeto de reconstituição da Biblioteca de Alexandria em 1989 e trabalhou no Comitê de Assessoramento Científico da América Latina. Atualmente está com 94 anos.
Bresser Pereira (PSDB) 1 de janeiro de 1999 a 21 de julho de 1999
Nasceu em 1934, é economista, advogado e cientista político, além de professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo desde 1959. Como Ministro da Fazenda em 1987, no governo de José Sarney, criou uma saída para a grave crise econômica da década, o Plano Brady. Também foi o criador do Plano Bresser, que reajustou as tarifas públicas defasadas e congelou salários, preços e o câmbio por 90 dias na expectativa de combater a inflação. Foi Ministro da Administração Federal e Reforma do Estado (1995-1998) e Ministro da Ciência e Tecnologia (1999) no governo de Fernando Henrique Cardoso. É um dos contundentes críticos do liberalismo, do livre-comércio e defensor de medidas protecionistas, uma das mentes mais atuantes no campo do desenvolvimentismo do Brasil. Teve uma ampla atuação acadêmica, estudou nos Estados Unidos no início dos anos 1960 (Michigan State University), se formou Doutor na Universidade de São Paulo (USP) em 1972, ingressando na Livre Docência em Economia desde então pela mesma Universidade. Lecionou, em pós-graduação, Desenvolvimento Econômico na Universidade de Paris I (Panthéon-Sorbonne) (1977) e na École des Hautes Études en Sciences Sociales (2003-2010). Na Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV-EAESP), Pereira criou vários programas de pós-graduação. Em 2008, na Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EESP), criou o Centro de Estudos do Novo Desenvolvimentismo. No Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Bresser-Pereira definiu a política de transformar os fundos de pesquisa originados das empresas estatais, recentemente privatizadas, em Fundos Setoriais vinculados ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Para conseguir uma melhor integração entre o Ministério e sua principal agência, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico ( CNPq), que também presidiu, Bresser-Pereira unificou os currículos acadêmicos que o Governo Federal dispõe para a avaliação de pesquisadores sob o nome de Plataforma Lattes. Com diversos livros publicados, prêmios e honrarias pela vida pública em defesa da pesquisa e educação, Bresser, hoje com 88 anos, segue bastante presente na política do Brasil.
Ronaldo Sardenberg (sem partido) 21 de julho de 1999 a 1º de janeiro de 2003
Nasceu em 1940, é diplomata e foi o 12° a ocupar o cargo no Ministério de Ciência e Tecnologia durante os anos de 1999 a 2003, no governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC). Nessa época, em nome do governo brasileiro, Sardenberg assinou o acordo com o governo dos Estados Unidos para uso do centro de lançamento de Alcântara. Foi embaixador nas Nações Unidas, na Rússia e na Espanha. Antes disso, foi ministro chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República de 1995 a 1998, responsável pelas políticas nuclear e espacial e pela pesquisa sobre segurança das comunicações. Foi ainda Presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de 2007 a 2011. Atualmente está com 82 anos.
Roberto Amaral (PSB) 1 de janeiro de 2003 a 21 de janeiro de 2004
Nasceu em 1939, é jornalista, advogado e professor. Foi Ministro da Ciência e Tecnologia entre 2003 e 2004 e causou grande polêmica ao defender, em entrevista à BBC Brasil, a ideia de que o país deveria desenvolver a tecnologia da bomba atômica. Como ministro, foi responsável por implantar uma política voltada ao combate à exclusão, e pela redistribuição federativa dos recursos para o desenvolvimento da ciência e tecnologia, que deu as diretrizes básicas adotadas pelos ministros que o sucederam. Deu ênfase à pesquisa, defendeu e expandiu os programas nuclear e espacial, foi um dos artífices da retirada do Congresso, pelo governo brasileiro, do acordo Brasil-Estados Unidos para a exploração da base de Alcântara. Negociou um novo acordo com a Ucrânia, mais favorável ao nosso país. Criou, dentro da pasta, a Secretaria de Ciência e Tecnologia para a Inclusão Social. Mais tarde, recebeu a missão de montar e instalar a Alcântara Cyclone Space-ACS, empresa binacional criada pelos governos do Brasil e da Ucrânia para construir, operar e comercializar uma base de lançamentos dos foguetes da família Cyclone, a partir de Alcântara, no Maranhão. Quando jovem, foi vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) para o mandato 1961-1962, quando ingressou no Partido Comunista Brasileiro (PCB). Atuou muito próximo a Herbert José de Sousa, o Betinho; Oduvaldo Viana Filho, Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro, Leonel Brizola, João Goulart, Osny Duarte Pereira, Josué de Castro, Roland Corbusier, Max da Costa Santos, entre outros importantes nomes da cultura, da política e das ciências sociais. Com Saturnino Braga, Celso Amorim, Samuel Pinheiro Guimarães, José Gomes Temporão e Francis Bogosian reorganiza o Instituto Brasileiro de Estudos Políticos, que ajudou a fundar em 2013, e é seu atual presidente. Foram mais de 30 livros nas áreas do Direito, da Ciência Política, da Segurança Nacional, Ciência e Tecnologia e da Comunicação, entre outros. Atualmente está com 82 anos.
Eduardo Campos (PSB) 23 de janeiro de 2004 a 18 de julho de 2005
Nasceu em 1965, foi economista, governador de Pernambuco por dois mandatos e candidato à Presidência da República nas eleições presidenciais de 2014. Em 1986, trocou a oportunidade de fazer um mestrado nos Estados Unidos pela participação na campanha que elegeu o avô Miguel Arraes como governador de Pernambuco. Nesse período, trabalhou como chefe de gabinete e foi o responsável pela criação da primeira Secretaria de Ciência e Tecnologia do Nordeste e da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (FACEPE). Em 2004, a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Eduardo Campos assumiu o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), tornando-se o mais jovem dos ministros nomeados. Em sua gestão, o MCT reelaborou o planejamento estratégico, revisou o programa espacial brasileiro e o programa nuclear, atualizando a atuação do órgão de modo a assegurar os interesses do país no contexto global. Em abril do mesmo ano, Eduardo Campos foi admitido por Lula à Ordem do Mérito Militar no grau de Grande-Oficial especial. Campos também tomou iniciativas que repercutiram internacionalmente, como a articulação e aprovação do programa de biossegurança, que permite a utilização de células-tronco embrionárias para fins de pesquisa e de transgênicos. Durante sua gestão, foi aprovada por unanimidade no Congresso a Lei de Inovação Tecnológica (Lei 10.937), resultando no marco regulatório entre empresas, universidades e instituições de pesquisa, algo inédito no Brasil, com o propósito de estimular a parceria entre o poder público, a academia e o setor privado, com vistas a gerar conhecimentos que se convertam em produtos tecnológicos comercializados no mercado. Outra ação importante à frente da pasta foi a criação da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, considerada a maior olimpíada de matemática do mundo em número de participantes. O ex-ministro morreu em um trágico acidente de avião aos 49 anos em 2014, quando concorria à Presidência da República.
Sérgio Machado Rezende (sem partido) 19 de julho de 2005 a 1º de janeiro de 2011
Nasceu em 1940, é professor, físico e engenheiro. Foi Ministro da Ciência e Tecnologia no governo Lula entre 2005 e 2010. Em 1995, no terceiro governo de Miguel Arraes em Pernambuco, tornou-se secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, quando conviveu com o então secretário da Fazenda Eduardo Campos. De 2001 a 2003, na Prefeitura de Olinda, foi secretário do Patrimônio, Ciência e Cultura. A seguir, assumiu a presidência da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Foi mantido no cargo quando o então ministro Eduardo Campos assumiu o ministério; ambos já haviam trabalhado juntos no governo de Pernambuco e na articulação da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe). Só saiu em 2005, para substituir o próprio Eduardo Campos no Ministério de Ciência e Tecnologia, onde permaneceu até o final de 2010. Hoje está com 82 anos e escreve para periódicos internacionais.
Aloizio Mercadante (PT) 1º de janeiro de 2011 a 23 de janeiro de 2012
Nasceu em 1954, é professor, acadêmico e economista. Foi um ministro totalmente focado na articulação política. Participou da elaboração dos programas de governo do PT e foi coordenador da campanha presidencial do partido nas eleições de 1989 e 2002. Sempre muito atuante no debate econômico, publicou o livro “O Brasil Pós-Real”, propondo um modelo alternativo de desenvolvimento. Foi eleito Senador em 2002 e exerceu a liderança do governo até junho de 2006. Em seguida, foi convidado a integrar o governo da presidente Dilma Rousseff, assumindo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação em 2011. Com pouco tempo no cargo, em 18 de Janeiro de 2012, foi convidado para assumir o Ministério da Educação. Tornou-se ministro da Casa Civil em 3 de fevereiro de 2014. Após o processo de impeachment da presidente Dilma, em 2016, Mercadante foi implicado na Lava-Jato, em 2017. O Ministério Público Federal solicitou, em março de 2022, o arquivamento do inquérito. Atualmente é presidente da Fundação Perseu Abramo, braço acadêmico do Partido dos Trabalhadores (PT).
Marco Antônio Raupp (sem partido) 24 de janeiro de 2012 até 17 de março de 2014
Nasceu em 1938 e foi cientista, físico formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e PhD em Matemática pela Universidade de Chicago, além de livre-docente pela Universidade de São Paulo (USP). Ocupou cargos relevantes para a ciência do Brasil como o de diretor geral do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), entre 1985 e 1989, onde criou o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) e firmou acordo de cooperação com a China para o desenvolvimento dos satélites CBERS-1 e CBERS-2. Também foi presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação de janeiro de 2012 a março de 2014 durante a gestão de Dilma Rousseff. Como ministro, criou a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), em 2013, e foi responsável pela formulação e coordenação da política espacial brasileira, atuando entre os anos de 2011 e 2012. Raupp ainda foi diretor do Parque Tecnológico de São José dos Campos, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB) e membro titular da IAA (Academia Internacional de Astronáutica, sigla em inglês). Em reconhecimento aos serviços prestados, foi agraciado com o título de Comendador pela Ordem de Rio Branco (Ministério das Relações Exteriores) e pela Ordem Nacional do Mérito Científico (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação). Deixou a pasta em 17 de março de 2014 em uma reforma ministerial promovida pela presidente Dilma. Morreu em julho de 2021 aos 83 anos.
Clelio Campolina Diniz (sem partido) 17 de março de 2014 até 1º de janeiro de 2015
Nasceu em 1942, se formou em engenharia mecânica pela PUC-Minas, fez mestrado e doutorado em ciência econômica na Universidade de Campinas (Unicamp) e pós-doutorado pela Universidade Rutgers (1991). Foi reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) entre 2010 a 2014. Nesse período, integrou o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), órgão de assessoramento da Presidência da República. Diniz assumiu o cargo de ministro da Ciência e Tecnologia em 2014, durante o segundo mandato de Dilma. Em maio de 2015 recebeu o prêmio Bom Exemplo, que valoriza ações e trajetórias em cidadania, cultura, educação, esporte, inovação e meio ambiente e destaca a personalidade do ano. Também foi diretor-presidente do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BHTEC) e presidente da Câmara de Ciência Sociais Aplicadas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). Atualmente está com 80 anos.
Aldo Rebelo (PDT) 1º de janeiro de 2015 a 2 de outubro de 2015
Nasceu em 1956. Foi deputado federal por São Paulo durante cinco mandatos pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), sendo presidente da Câmara entre 2005 e 2007. Durante os governos Lula e Dilma Rousseff, foi ministro da Defesa, da Ciência, Tecnologia e Inovação, do Esporte e da Coordenação Política e Assuntos Institucionais. Sempre adotou posturas nacionalistas como a redução de estrangeirismos na língua portuguesa ou a autoria da lei que declarou o dia 20 de novembro como data Nacional de Zumbi dos Palmares (Lei 9 125/1995). Foi relator do novo Código Florestal, que recebeu muitas críticas de ambientalistas e acabou sendo aprovado com vetos parciais da então presidente Dilma. No Ministério da Ciência e Tecnologia permaneceu por apenas 10 meses. Atualmente está com 66 anos.
Celso Pansera (PT) 2 de outubro de 2015 até 14 de abril de 2016
Nascido em 1963, formou-se em Letras na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) com especialização em Supervisão Escolar. Em 2009, Celso chegou à presidência da Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro (FAETEC- RJ), mas sua gestão foi marcada por sucessivas greves e por escândalos de corrupção. Foi indicado ao cargo de Ministro de Ciência e Tecnologia em 2015 e ajudou na construção do projeto do Centro de Inclusão Digital, que instalou 28 telecentros em municípios da Baixada Fluminense. Em janeiro de 2016 foi sancionado o Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação (Lei 13.243/2016), que visava aproximar as universidades das empresas, tornando mais dinâmicos a pesquisa, o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação no país, além de diminuir a burocracia nos investimentos para a área. À época, o marco foi muito comemorado, mas ele só foi regulamentado dois anos depois pelo Decreto nº 9.283/2018, e até hoje especialistas afirmam que muitas iniciativas propostas no projeto não saíram do papel. No mesmo ano em que a lei foi sancionada, Pansera foi alvo de buscas da Polícia Federal na operação Lava-Jato e acabou exonerado.
Emília Maria Silva Ribeiro Curi (interina sem partido) 14 de abril de 2016 até 12 de maio de 2016
Nasceu em 1963, é advogada e servidora pública atuante nas áreas de direito, economia e telecomunicações. Em 2015, Curi foi designada secretária-executiva do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Permaneceu no cargo por pouco tempo, entre abril de 2016 a maio do mesmo ano. Também foi vice-presidente do Conselho Consultivo da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), de 2005 a 2008. De 2008 a 2012, foi diretora conselheira da agência.
Gilberto Kassab (PSD) 12 de maio de 2016 a 1º de janeiro de 2019
Nascido em 1960, é economista, engenheiro civil, empresário e corretor de imóveis. Kassab iniciou sua vida política aos 25 anos. Foi o único ministro da pasta na gestão do presidente Michel Temer, quando esta sofreu uma fusão com o Ministério das Comunicações por meio da Medida Provisória 726. A fusão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) com o das Comunicações, resultado de uma reforma que reduziu o número de pastas do governo federal de 32 para 24, recebeu críticas da comunidade científica. Um manifesto lançado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) classificou a fusão como artificial. Mesmo assim, as pastas permaneceram unidas até 2020. Durante a gestão de Kassab, o Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação foi regulamentado. O último cargo político que exerceu foi o de Secretário da Casa Civil do Estado de São Paulo. Pediu afastamento em 2019/2020 por tempo indeterminado para defender-se de acusações de corrupção política, nepotismo e tráfico de influência. Atualmente está com 62 anos.
Marcos Pontes (PL) 1 de janeiro de 2019 a 30 de março de 2022
Nascido em 1963, é engenheiro e tenente-coronel da Força Aérea Brasileira (FAB) aposentado. Assumiu o ministério quando ele ainda estava fundido com o da Comunicação, porém em junho de 2020 o então presidente Jair Bolsonaro anunciou a separação das pastas e a recriação do Ministérios das Comunicações (MC) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O deputado federal Fábio Faria (PSD-RN) passou a ser titular do MC e Pontes seguiu como ministro do MCTI. Foi o primeiro brasileiro, sul-americano e lusófono a ir ao espaço, em 2006, na missão batizada “Missão Centenário“, em referência à comemoração dos cem anos do voo de Santos Dumont no avião 14-bis. Isso foi possível porque a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Agência Espacial Federal Russa (Roscosmos) assinaram um contrato, no qual a AEB pagou U$10 milhões para Marcos Pontes ser levado pela nave espacial russa Soyuz, que possibilitou a realização da primeira missão espacial tripulada brasileira.A escolha do Marcos Pontes como Ministro gerou críticas por setores da comunidade científica. Foi o ministro do governo Bolsonaro que mais viajou para fora do país. Esse mesmo governo promoveu o corte de R$ 600 milhões na pasta de Ciência e Tecnologia. Esteve à frente da pasta durante o período da pandemia de Covid-19.
Paulo César Alvim (sem partido) 30 de março de 2022 até a atualidade
Nome ainda pouco conhecido na política, é engenheiro civil formado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Mestre em Ciência da Informação pela Universidade de Brasília (UnB). Antes de assumir o atual cargo de Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações do Governo Bolsonaro, atuou nas áreas de transporte, energia e tecnologia industrial básica como secretário de Empreendedorismo e Inovação. No momento da posse, em março de 2022, se disse preocupado com o orçamento para a pasta, reconhecendo que “sem investimento em ciência e pesquisa não há como obter “resultados” para o país”. No entanto, o Governo do qual ele faz parte ficou conhecido como o que mais fez cortes na área de ciência, educação e tecnologia na história recente da democracia brasileira. O Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) foi a pasta com maior volume de recursos bloqueados em 2022.
Luciana Santos (PCdoB) 2 de janeiro de 2023 até a atualidade
Engenheira por formação, Luciana Santos se tornou, aos 57 anos, a primeira mulher a assumir o cargo de ministra do MCTI em janeiro de 2023. Presidente nacional do PCdoB e até então vice-governadora de Pernambuco, Santos possui uma consolidada trajetória política que iniciou em 1996 ao ser eleita deputada estadual em Pernambuco. Em 2000, foi eleita prefeita de Olinda (PE), onde permaneceu por dois mandatos. A engenheira também assumiu o cargo de deputada federal por dois mandatos, entre 2011 e 2018, e integrou comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, de Desenvolvimento Urbano e de Cultura.Nas eleições de 2018, foi eleita vice-governadora do estado de Pernambuco na chapa de Paulo Câmara (PSB), se tornando também a primeira mulher a ocupar o cargo em Pernambuco. Em outubro de 2019, Santos foi condenada em primeira instância por improbidade administrativa por um suposto contrato fraudulento para a gestão do parque energético e de iluminação de Olinda, em uma licitação de 2004. A decisão fixou multa de cinco vezes o salário dela na época, além de período de seis anos de elegibilidade. Ela recorreu, mas ainda não há decisão de segunda instância sobre o caso. Após o anúncio feito por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que ela assumiria o Ministério, Santos disse que uma das prioridades da sua gestão será reajustar as bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O valor que pesquisadores recebem não evolui desde 2013.
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