A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) é uma organização sem fins lucrativos nem posição político-partidária fundada no município de São Paulo (SP) em 8 de julho de 1948. Seus objetivos, autodeclarados na época, eram “apoiar e estimular o trabalho científico; zelar pela manutenção de padrões de ética; defender a liberdade de pesquisa e meios para realizá-la; articular a ciência com problemas de interesse geral e congregar as sociedades científicas.”

Trata-se de uma equivalente brasileira de entidades como a Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês) e a Associação Britânica da Ciência (BSA, também na sigla em inglês).

A SBPC compartilha alguns papéis e objetivos com a Academia Brasileira de Ciências (ABC). Porém, a ABC é um grêmio mais formal e restrito a pesquisadores com carreiras bem-sucedidas – algo como uma Royal Society brasileira –, enquanto a SBPC aceita filiações até de estudantes de ensino básico e tem uma postura política mais combativa.

O gatilho imediato de sua criação foi uma demissão coletiva no Instituto Butantan, ordenada pela gestão do então governador paulista Adhemar de Barros. Ele exonerou pesquisadores das áreas de química e endocrinologia com o pretexto de priorizar pesquisas na área de soros antiofídicos. A reunião de fundação ocorreu na sede da Associação Paulista de Medicina.

O contexto mais amplo é o mesmo da fundação de diversos outros órgãos importantes da ciência nacional, como o CNPq, a Capes, a CNEN e o CBPF: os países militarizados perceberam a importância do setor de ciência e tecnologia durante a Segunda Guerra Mundial, que se encerrou com os ataques americanos a Hiroshima e Nagasaki.

Na capital paulista, especificamente, havia uma grande circulação de pesquisadores estrangeiros convidados para estabelecer cursos de graduação e pós-graduação em ciências puras (como física, química, biologia, linguística etc.) na Universidade de São Paulo (USP). Esse foi um momento de profissionalização da ciência nacional, em que a pesquisa se tornou uma carreira formal.

A SBPC é particularmente conhecida por sua militância durante a Ditadura Militar (1964 – 1985), quando lutou pelo retorno dos pesquisadores exilados pelo regime, e atuou pela criação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) durante a redemocratização. É o órgão responsável por publicar a revista de divulgação científica Ciência Hoje, criada em 1982.